domingo, 25 de maio de 2008

HOMENAGEM A PAGU

Patrícia Rehder Galvão (1910-1962), mais conhecida como Pagu: Jornalista, escritora e militante comunista e principalmente uma mulher desafiadora. Foi presa, torturada, foi amante,fumava na rua, usava roupas transparentes,tornou-se musa do movimento antropofágico de cunho modernista, causou-se e deixou filho e marido (Oswald de Andrade), viajou pelo mundo. Escandalizou, desafiou e resistiu aos padrões impostos pela sociedade. Na véspera de sua morte (causada por câncer) seu último texto é publicado: o poema Nothing.
Poema de Pagu
NOTHING
Nada nada nada
Nada mais do que nada
Porque vocês querem que exista apenas o nada
Pois existe o só nada
Um pára-brisa partido uma perna quebrada
O nada
Fisionomias massacradas
Tipóias em meus amigos
Portas arrombadas
Abertas para o nada
Um choro de criança
Uma lágrima de mulher à-toa
Que quer dizer nada
Um quarto meio escuro
Com um abajur quebrado
Meninas que dançavam
Que conversavam
Nada
Um copo de conhaque
Um teatro
Um precipício
Talvez o precipício queira dizer nada
Uma carteirinha de travel's check
Uma partida for two nada
Trouxeram-me camélias brancas e vermelhas
Uma linda criança sorriu-me quando eu a abraçava
Um cão rosnava na minha estrada
Um papagaio falava coisas tão engraçadas
Pastorinhas entraram em meu caminho
Num samba morenamente cadenciado
Abri o meu abraço aos amigos de sempre
Poetas compareceram
Alguns escritores
Gente de teatro
Birutas no aeroporto
E nada

sábado, 24 de maio de 2008

Dia Nacional do Café!


Como deixar passar em branco o aniversário do principal homenageado deste blog?
Manhã e café, tudo a ver. Papo e café, nem se fala. Os fumantes dizem que com um cigarrinho não há nada melhor.
O Brasil é o maior produtor e exportador do grão e, em consumo, perde só para os Estados Unidos.
Esta bebida que excita o sistema nervoso, ativa o cérebro e a circulação do sangue, tonifica o coração e os músculos, combate derrame cerebral, asma, diarréia, embriaguez e depressão é cada vez mais consumida no país.
Vício bom este, não??? Aprecie sem culpa e sem moderação!

sexta-feira, 23 de maio de 2008

Le Café Français

O café nunca foi francês nem brasileiro, o café é das cabras. Acharam, comeram e foram dançar há alguns séculos atrás na frente de um pastor da Etiópia:
Revelaram para gente o produto. Os árabes chamaram de Kawa e em Alexandria lá no século X lançaram um tipo de estabelecimento batizado do mesmo nome: café. O produto era bom, além de fazer dançar as cabras, ele fazia pensar os homens e os homens que pensam fazem evolução. O café traz na história dele encontros e palavras; estas palavras que querem mudar o mundo; essas palavras interditadas por aqueles que pensam no lugar dos outros, aqueles que pensam que a gente não pensa.

(Jean-Pierre Giacardi)

Foto por Syã Fonseca

Le café Français funciona toda sexta e sábado no Estaleiro do Inó

Praia das Castanheiras, Jesus de Nazareth, Vitória.

ao lado do bar do Bigode

tel: 3224-3890

http://lecafefrancais.blog.terra.com.br/

quarta-feira, 21 de maio de 2008

Por trás de um grande jogador existe sempre um grande travesti.

O escândalo do Ronaldo fenômeno com três travestis no motel Papellon continua na boca e em outros orifícios do povo. Debates acalorados, discussões suadas, mesas redondas, polêmicas...Em toda parte só se fala nisso, quer dizer só se fala nisso.

Afinal: o que se passou no quarto de motel com o famoso atracante rompedor Ronaldinho fenômeno? Alguns estudiosos atribuem ao Funk carioca o comportamento transgressor do craque, ou será que foi cocaína.

Alguns economistas acham que o problema é de natureza macroeconômica, que dizer microeconômica. Mas todo mundo quer saber é ser Ronaldinho foi ao motel comprar lã ou saiu tosquiado. No mundo machista e vil (desculpe, viril) dos vestuários de futebol o que se cochicha pelos cantos é que o célebre jogador de futebol trocou de posição, e agora joga recuado.

Mas, não se preocupe meu caro nobre goleador chanceler da Unesco, por trás de você sempre haverá uma grande, gigante Globo transvestida de Patrícia Punheta (desculpe novamente, Poeta) para acalentar seus eretos delírios da psique.

Os psi-cánalista preferem ver esta questão por um outro ângulo. Para os freudianos isto se trata de um complexo fundo nervoso. Bastante nervoso inclusive! Afinal foram quatro horas de terapia intensiva no quarto do motel, mas o diagnóstico preliminar comprovou seu estado deprimido, cheio de lesões e nesta turbulência errou a preferência.

Mas eu sou hetero!!!! Disso o atacante, cai numa cilada! Era uma quadrilha de travestis que queria extorqui meu dinheiro ganhado a duras penas!

Enfim, tentar tornar lúdico este fato talvez alivie um pouco as minhas angústias. Como disse Érika Kokay, essa é a parte que nos cabe neste latifúndio. Para mim, Leyse, se esta é a parte que me foi concedida, digo que é muito pouco. Não quero apenas o interior da minha casa, quero as Ruas, os Direitos, o Respeito.

Quero o reconhecimento digno do meu amor por uma mulher,

Como diz Clarice, Liberdade para mim é pouco.
O que quero ainda não tem nome.

domingo, 18 de maio de 2008

Olhares desnudos

Olhares que me encaravam de frente e que me tornavam desnuda

Olhares insuportáveis que expressavam a vontade de ser o outro

Acendo um cigarro, tomo um gole de cerveja e tento na distração do meu ser esquecer tais olhares.

Porque me importunam, o que querem de mim?

Eu que só quero deixar os meus pensamentos vagarem em meio aquela paisagem incessante com o céu estrelado, a água corrente, a lua, o balanço das folhagens.

Nesse mundo com tantas coisas a serem observadas porque o observado sou eu . Eu que só quero no meu canto admirar o encanto dos seres ao meu redor .

Encontro o desencanto do ser que deveria ser tão precioso quantos os outros.

O ser humano que na cegueira da inveja torna imperceptível pormenores daquele dia fugidio.

Os olhares que me desnudam me tornam mudo diante deste mundo.

Não tendo olhos bastantes a contemplarem, esses olhos se perdem na insensatez da mediocridade humana.

Autoria própria.

sábado, 17 de maio de 2008

Ordem e Progresso



Aos que têm o hábito de assistir TV sem se comover com sensacionalismos, certamente está farto de ouvir notícias sobre o “Caso Isabela”; aliás, sobre “O Caso Isabela”, afinal, não se trata de qualquer caso, não é mesmo?

Não pretendo desconsiderar a crueldade do acontecimento. De fato, a notícia de que uma criança de 5 anos foi asfixiada e arremessada do 6º andar e os principais suspeitos são o pai e a madrasta gera espanto e incompreensão. Entretanto, considerando que casos semelhantes acontecem cotidianamente, e que se trata de um fato particular, em que as famílias envolvidas são as únicas realmente prejudicadas com o ocorrido, lhe pergunto o por que de tanta comoção social. E as injustiças coletivas, em que o direito de toda uma população é violado? Onde estão, nestes momentos, a fúria e a disposição para ir às ruas gritar por justiça?

Tentemos nos recordar de outro caso repulsivo, com conseqüências e significações coletivas, em que uma das partes envolvidas representava o Estado. Falo do massacre do Complexo do Alemão ocorrido no ano passado. Quais eram mesmo os nomes dos mais de 20 mortos nesta chacina? O corpo da foto era de uma criança. Qual era mesmo o nome dela? Que idade tinha? Será o menino de 13 anos, um dos três adolescentes incluídos nos 19 mortos em um dia, coletivamente catalogados pela polícia e por uma parte da imprensa como “bandidos”?

Vale lembrar que a quase totalidade das mortes se tratou de execuções sumárias, e a ação foi planejada pela Secretaria de Segurança Pública do Rio de Janeiro, que contou com 1300 policiais militares e membros da Força Nacional de Segurança. Mas, me parece que o importante é que a ordem seja mantida, e apenas casos como “O de Isabela” ferem a esta normalidade, merecendo assim, tanta indignação e visibilidade.

sexta-feira, 16 de maio de 2008

Terminal

Ontem eu perdi o dia
Hoje conheci o atraso
E me encontro parado, sentado
Em lugar algum
Com mil possibilidades e não encontro
Pois só queria uma, e não posso ter
Eu não te encontrei
E por não te achar, me encontro perdida
Em lugar algum
E se esse amor não fosse sublime
Eu sentiria vontade de gritar
Mas no momento só quero um abraço
Vamos, me envolva em seus laços
Me procure estarei sempre aqui
Em lugar algum
Enquanto não te encontro
E se pudesse sentir meu corpo neste momento
O sentiria pálido, gelado
Por que não me procurou?
Agora estou perdida no terminal
Sem saber para onde ir,
O que queria, não pude
E enquanto todos passam apressados
A procura de algo
Eu me encontro em lugar algum
Pois não há seu sorriso
A noite se pôs
Meus lábios se puseram
E eu não te encontrei

quinta-feira, 15 de maio de 2008

O Cabaré de Lorena

Lorena viu o olhar de Cássia embaixo dos óculos escuros
Procurando enxergar dentro de seu decote:
Fez que não viu;
Lorena ouviu Cássia soltar um suspiro de prazer
Quando disse para ela que gostava de ser dominada:
Fez que não ouviu;
Lorena sentiu o pé de Cássia por baixo da mesa levemente
Subir pela sua perna lhe dando arrepios:
Fez que não sentiu;
Lorena pensou em como seria o corpo nu de Cássia
Jogado sobre o seu enquanto elas se beijavam:
Fez que não pensou;
Acendeu o cigarro
E jogou a cabeça para trás:
Alegria e jovialidade sensuais,
Sensualidade e curiosidade safadas que se misturavam.

E junto daquela figura na mesa
Sentia como se passasse a noite num cabaré surrealista
Se tal coisa existisse.
Será que existe?
Será que lá mulheres beijam mulheres
Enquanto garçons nus as servem,
E será que da boca delas sai fumaça em formatos obscenos?
Os pratos possuem desenhos do Kama Sutra
E os guardanapos, frases do marquês de Sade?
E a musica...
Pornografia cantada por vedetes bêbadas.
E ali, na frente dela,
A rainha obscena,
A mulher da língua áspera como uma gata
Louca para leva-la ao submundo dos prazeres proibidos
Ou uma dama mal-vestida
Que quer seduzi-la para introduzi-la em seus jogos
Com seus parceiros?

Cássia não desiste da fumante compulsiva
Fala e fala da beleza dionisíaca das orgias
E Lorena se cala.
Ri e encara a morena jambo de pernas grossas
Convida com os olhos para um encontro secreto
E Lorena desvia o olhar.
Joga os braços até ela e toca seus cabelos,
Gesticula, dedos pornográficos para ela,
E Lorena não solta o cigarro.
Beija outra mulher e agarra-lhe o seio na frente dela
Para provocar e enciumar;
E Lorena apenas sonha.

A ultima taça de vinho,
Cássia oferece a Lorena.
Os últimos pensamentos de Lorena
Foram para Cássia e seu corpo de ninfa.
O ultimo beijo da noite
Acontece no apartamento de Cássia
Onde Lorena derrama vinho em seu peito
Convidando Cássia a toma-lo e saciar ambas;
Cássia deita-se entre as pernas de Lorena
E beija-lhe no seu mais íntimo;
Enquanto Lorena fecha os olhos
Lembrando do Cabaré em que conheceu sua nova paixão.

quarta-feira, 14 de maio de 2008

Feliz Dias das Mães!

Hoje é o dia das mães e me lembro daquela que me gerou e criou com desvelo e abnegação.

Para pagar os meus estudos, minha querida mãezinha teve que pagar muitos boquetes na praça 15. 15 centímetros. Trabalhadora incansável, a fama de mamãe espalhou-se pelo mundo como uma DST.

Mulher empreendadeira, minha amada genitora introduziu o cancro mole e a gonorréia no Brasil. Graças aos saudorosos carinhos de minha mãezinha, tornei-me um homem de bem, bem escroto, bem canalha e bem filho da puta. Mas nem tudo são flores.

Para desgosto de minha mãe, não consegui realizar o seu sonho dourado de ter filho, senador, deputado, juiz de futebol ou presidente da república.

Disciplinadora rigorosa, costumava me espancar violentamente e, em seguida me arremessa do alto do edifício do jornal A Noite. Foi aí que ingressei no mundo do crime e do jornalismo. Consegui um estágio no extinto periódico, onde eu posava de cadáver nas matérias de assassinatos.

Publicado em algum jornaleco.

terça-feira, 13 de maio de 2008

Na noite passada sonhei que alguém me amava...

Noite passada sonhei que alguém me amava, e que o amor significava algo além de uma palavra que necessita de muita poesia para existir. Sonhei que todos os meus sentimentos eram tangíveis e que não era preciso mais que olhares para ser compreendida. Sonhei que pacientemente ela estava ao meu lado, apenas a observar minha face úmida, vermelha de lágrimas incessantes que haviam caído por uma semana inteira. E ela, bela e honesta, olhava-me e amava-me. Neste sonho ela era tudo que meu coração precisava, ela era uma entidade certa e densa. Nela continha minha tristeza e alegria. Seu olhar profundo me coagia, mas também me aquietava. Ela era grande, muito maior que eu. Na noite que nos encontramos em sonho o mundo era noturno. Justo nós que temíamos a noite, não pelos medos que ela nos remete, mas pelas alegrias que apenas a noite contém. Então, sentadas na calçada nós estávamos mais unidas do que estaríamos em qualquer cama de motel. Eu chorava porque sabia que ela me amava, e ela, com uma paciência rara em um ser, ficou por horas parada ao meu lado. E eu chorava por uma semana inteira. Solucei ao seu lado, tão agressivo quanto afetuoso. Na noite passada eu sonhei que alguém me amava e me aterrorizei por isso. Quando olhei para o lado entendi que ela, que estava sentada a me olhar constantemente, vi que mesmo tendo os olhos azuis seus olhos possuíam o mesmo brilho de todas as outras que já estiveram ao meu lado, e que este brilho poderia me cegar se eu olhasse muito em sua direção.
Quando acordei entendi que ela estará sempre comigo, mesmo que nós nunca consigamos nos compreender tão simplesmente, mesmo que nossa relação seja sempre um mar turvo e complicado. Ela sempre existirá em minha vida, ela sempre me fará perceber que as amigas são uma entidade muito além de qualquer imaginação. Ela sempre aparecerá em sonhos para me dizer que essa palavra que humano alimenta, o amor, não passa de uma invenção, e que o único sentimento perfeito e, necessariamente incompreensível, é a amizade.

quinta-feira, 8 de maio de 2008

Maneira Profana de Amar

Esta acaba sendo minha estréia aqui, melhor então começar por aquilo que gosto mais: poesia. Nada mais justo do que homenagear quem me trouxe até aqui, quem me aproximou destas pessoas e que eu espero que me arraste até onde ela vá.

Você sorri como um anjo
E me incendeia feito o inferno.
E no cerne desta contradição, suas palavras
E beijos;
Trazendo à superfície de meu corpo
Sensações tão contrastantes entre si.
Quando caí nos teus braços,
Pus meu coração na linha de fogo
E tu passaste a escrever em meu peito
Mais um pequeno capítulo desta velha
Comédia humana,
Tragédia de desenganos e incomunicabilidade,
Romance de corpos e provas de amor;
Ah, coração sugestionável!
Não quero mais nada,
Nem certeza nem vontade,
Nem mais um ano de vida nem recordações:Só teus lábios ardentes me trazem o sabor da verdade.

quarta-feira, 7 de maio de 2008

Minha Brasília

Quatro dias, noventa e seis horas e uma eternidade para lembrar duma Brasília tão seca, fria e corrupta, mas possuidora de uma sagacidade que me faz escrever.

Foram tantos que exalaram toda a fragrância de uma loucura juvenil estancada nos corpos, nos olhares, nos desejos que desconhecia a existência do outro.

Um encontro para lá de piriquitante!

Foi no quilombo, na sala, no quarto, durante noventa e duas horas de um frenético sopro do prazer crítico, irônico, alcoólatra, dopado.

Brasília deixa em nossa memória um pedaço de toda mistura étnica cheia de vícios e de sonhos.

Dessa lembrança guardo o choro de desespero em não ir que pré-sentia o quanto seria inédito estar lá.

Sobre este texto nostálgico fica a lembrança de uma conquista imaterial, preenchida com o novo, discutida com o outro e encerrada a cada noite embriagada nos braços de quem acabava de amar.

Mas é hora de fazer o check-in, chegou à hora de volta.

Volta para o cotidiano pobre, sem sonho, sem ideologias que guarda na alma o desejo de viver o próximo majestoso delírio humano.

sábado, 3 de maio de 2008

Drummond

Deixo hoje um dos poemas de Drummond que mais gosto.

Este poema apareceu inicialmente,
com o título "Verdade", no livro Corpo, de 1984, um ano antes da publicação de Contos Plausíveis, de onde foi extraída esta versão.



A Verdade Dividida
A porta da verdade estava aberta
mas só deixava passar
meia pessoa de cada vez.

Assim não era possível atingir toda a verdade,
porque a meia pessoa que entrava
só conseguia o perfil de meia verdade.
E sua segunda metade
voltava igualmente com meio perfil.
E os meios perfis não coincidiam.

Arrebentaram a porta. Derrubaram a porta.
Chegaram ao lugar luminoso
onde a verdade esplendia os seus fogos.
Era dividida em duas metades
diferentes uma da outra.

Chegou-se a discutir qual a metade mais bela.
Nenhuma das duas era perfeitamente bela.
E era preciso optar. Cada um optou
conforme seu capricho, sua ilusão, sua miopia.





sexta-feira, 2 de maio de 2008

Vermelho como o Céu

Aposto que a primeira coisa que veio a sua cabaça foi: “Mas o céu é azul”. Nem sempre, eu responderia, hoje, por exemplo, o céu está cinza, a noite ele fica preto-azulado ou azul-marinho, com gotículas brancas, azul, amarelas e alaranjadas, se prestar bastante atenção verá uma lua. E no fim de tarde, nas grandes cidades, pode ficar cinza, uma cor um tanto indefinida, nem dia nem noite. Mas se tiver o privilégio de observar o crepúsculo em outro lugar perceberá que ele lilás, rosa, laranja, amarelo e porque não, vermelho!
Se eu te perguntasse qual o sentido que você tem mais aguçado, olfato? paladar? audição? Acredito que não responderia visão, talvez porque estamos tão habituados a ver que esquecemos que esse sentido é tão importante em nosso dia a dia. Você tem olhos, certo? Se tiver, feche-os. Vejo que não consegue ler o que escrevo. Mas feche os olhos! O que você sente? Na frente de minha casa tem um pé de manga carregado de passarinhos, eu consigo ouvi-los piar, você ouve? Se estiver num lugar tranqüilo aposto que pode ouvir o barulho do seu computador, mas se tiver numa lan house ouvirá outras pessoas batendo na tecla, se estiver em casa com mais alguém aposto que tem uma televisão ligada, ou alguém conversando no telefone. E a cadeira em que está sentado, é confortável? Está ventando onde você está? ou tem ar condicionado? Faz frio ou calor?
Bem, certamente não prestamos muita atenção nessas coisas em nosso cotidiano! Se tiver olhos e puder enxergar (acredito que assim, afinal está lendo isso agora) então minha dica seria ver o filme “Vermelho como o céu” (Rosso Come Il Cielo, Itália, 2006) que está em cartaz no Metrópoles essa semana e a próxima, mas tem que conferir o horário no jornal.
Talvez assim possamos exercitar os outros sentidos de nosso corpo que temos esquecido por esses dias. Vamos feche os olhos e me diga o que pode sentir. Conseguiria se locomover por sua casa? prestaria mais atenção no barulho dos poucos passarinhos espalhados pelas árvores das grandes cidades? Você se daria conta de seu andar, de seus pés aprisionados em seu sapato? Vamos tire os sapatos, o chão é frio ou quente, duro ou macio? A brisa que corre é úmida ou seca? Mas eu tenho certeza que não fechou os olhos! Cerre -os agora!