domingo, 29 de novembro de 2009

One More Cup of Coffee (Bob Dylan)

Sua respiração é doce
seus olhos são como duas jóias no céu
sua postura é ereta, seu cabelo é macio
no travesseiro onde você repousa,
mas eu não sinto afeição
nem gratidão ou amor.
Sua lealdade não é para mim,
mas para as estrelas do céu


Seu pai é um foragido
e um traficante
Ele te ensinou como selecionar e escolher
E utilizar uma faca
Ele supervisiona seu reino
E assim nenhum estranho se intromete
Sua voz treme enquanto ele chama
Por mais um prato de comida

Mais um copo de café para a estrada
Mais um copo de café para eu ir
Descendo o vale...

Sua irmã vê o futuro
Assim como você e sua mãe
Você nunca aprendeu a ler ou escrever
Não há livros na sua estante
E seu prazer não conhece limites
E sua voz soa como a de uma cotovia
Mas seu coração é como um oceano
Misterioso e escuro

Mais um copo de café para a estrada
Mais um copo de café para eu ir
Descendo o vale...














































































quarta-feira, 25 de novembro de 2009

“A política está tão repulsiva que vou falar de sexo”

Por Arnaldo Jabor (que não considero um bom crítico , mas que dessa vez ....leiam)



Outro dia, a Adriane Galisteu deu uma entrevista dizendo que os homens não querem namorar as mulheres que são símbolos sexuais. É isto mesmo. Quem ousa namorar a Feiticeira ou a Tiazinha. As mulheres não são mais para amar; nem para casar. São apenas para “ver”.


Que nos prometem elas, com suas formas perfeitas por anabolizantes e silicones? Prometem-nos um prazer impossível, um orgasmo metafísico, para o qual os homens não estão preparados. As mulheres dançam frenéticas na
TV, com bundas cada vez mais malhadas, com seios imensos, girando em cima de garrafas, enquanto os pênis-espectadores se sentem apavorados e murchos diante de tanta gostosura. Os machos estão com medo das “mulheres-liquidificador”.

O modelo da mulher de hoje, que nossas filhas ou irmãs almejam ser (meu Deus!) é a prostituta transcendental, a mulher-robô, a “Valentina”, a “Barbarela”, a máquina-de-prazer sem alma, turbinas de amor com um hiperatômico tesão.

Que parceiros estão sendo criados para estas pós-mulheres? Não os há. Os “malhados”,os “turbinados” geralmente são bofes-gay, filhos do mesmo narcisismo de mercado que as criou. Ou, então, reprodutores como o Zafir para o Robô-Xuxa.

A atual “revolução da vulgaridade” regada a pagode, parece “libertar” as mulheres. Ilusão à toa. A “libertação da mulher” numa sociedade escravista como a nossa deu nisso: super-objetos. Se achando livres, mas aprisionadas numa exterioridade corporal que apenas esconde pobres meninas famintas de amor, carinho e dinheiro. São escravas aparentemente alforriadas numa grande senzala sem grades. Mas, diante delas, o homem normal tem medo. Elas são “areia demais para qualquer caminhãozinho”.

Por outro lado, o sistema que as criou enfraquece os homens. Eles vivem nervosos e fragilizados com seus pintinhos trêmulos, decadentes, a meia-bomba, ejaculando precocemente, puxando sacos, lambendo botas, engolindo sapos, sem o antigo charme “jamesbondiano” dos anos 60. Não há mais o grande “conquistador”. Temos apenas os “fazendeiros de bundas” como o Huck, enquanto a maioria virou uma multidão de voyeur, babando por deusas impossíveis.

Ah, que saudades dos tempos das “bundinhas e peitinhos” “normais” e “disponíveis”... Pois bem, com certeza a televisão tem criado “sonhos de consumo” descritos tão bem pela língua ferrenha do Jabor (eu). Mas ainda existem mulheres de verdade.
Mulheres que sabem se valorizar e valorizar o que tem “dentro de casa”, o seu trabalho. E, acima de tudo, mulheres com quem se possa discutir um gosto pela música, pela cultura, pela família, sem medo de parecer um “chato” ou um “cara metido.

Penso que hoje, num encontro de um “turbinado” com uma “saradona” o papo deve ser do tipo: - “Meu”...”o professor falou que eu posso disputar o Iron Man que eu vou ganhar fácil.” “- Ah, meu...o meu personal trainner disse que estou com os glúteos bem em forma e que nunca vou precisar de plástica.” E a música??? Só se for o último sucesso(???) dos Travessos ou Chama-chuva...e o “vai Serginho”???

Mulheres do meu Brasil Varonil!!! Não deixem que criem estereótipos!
Não comprem o cinto de modelar da Feiticeira. A mulher brasileira é linda por natureza! Curta seu corpo de acordo com sua idade, silicone é coisa de americana que não possui a felicidade de ter um corpo esculpido por Deus e bonito por natureza.
E se os seus namorados e maridos pedirem para vocês “malharem” e ficarem iguais à Feiticeira, fiquem... Igual a Feiticeira dos seriados de TV.

FAÇAM-OS SUMIREM DA SUA VIDA!!

segunda-feira, 9 de novembro de 2009

A propósito do vinho

Baudelaire foi, o quanto pôde, um entusiasta do vinho como o mais instigador dos venenos humanos. Impossível para meu ser não concordar. O sabor único da bebida, a sensação vitoriosa enquanto ele desliza pela garganta agora aquecida, a espera pelo torpor, ela mesmo inebriante... Todos esses elementos transformam o vinho em uma bebida sem par na história. Para nosso poeta, o vinho acompanhou os momentos mais sublimes que puderam ser noticiados. Os tons do vinho colorem o quer que seja tocado por ele. Acredito que o vinho possa ser tratado como uma preferência pessoal, mas o álcool em geral tem esse poder, essa virtude de desvirtuar-nos no momento e na maneira certa, entortando caminhos retos e colocando malícia onde só há convenções. De modo a justificar por exemplos sua paixão pelo vinho, nosso poeta narra um pequeno caso que lhe aconteceu. Numa exposição de arte, defrontou-se com uma pintura horrível, estéril em sua moldura, cercado de imbecis que se compraziam em exaltar a monotonia daquela criação, tão tediosa em sua virtuosidade insípida. Aproximou-se, e procurou saber um pouco mais sobre “o caráter moral do homem que produzira tão criminosa extravagância” (excelente descrição, não acham?). Baudelaire já imaginou que a pessoa seguramente deveria ser “fundamentalmente mau”. Acertou. Dentre os hábitos do infame pintor, ele descobriu que “o monstro se levantava regularmente antes do nascer do dia, que arruinara a sua governanta, e que só bebia leite!”.

Sobriedade faz mal à vida, e a tudo que a faz valer a pena.

(Baudelaire. "Os Paraísos Artificiais".)