segunda-feira, 10 de outubro de 2011

dama melancólica

ela fica ali sentada
bebendo vinho
enquanto seu marido
está no trabalho.
ela considera
de suma importância
que seus poemas sejam
publicados
nas pequenas
revistas.
possui dois
ou três de pequenos
volumes de sua poesia
mimeografados.
tem dois ou
três filhos
com idades que vão
de 6 a 15.
já não é mais
a linda mulher que
costumava ser. manda
fotos em que aparece
sentada sobre uma pedra
junto ao oceano
sozinha e condenada.
podia ter estado com ela
uma vez. me pergunto
se ela acha que eu
poderia
salvá-la?


em todos os seus poemas
seu marido jamais
é mencionado.
mas costuma
falar sobre seu
jardim
assim sabemos que está
lá, de alguma maneira,
e que talvez ela
trepe com os botões de rosa
e os tentilhões
antes de escrever
seus poemas

(Bukowski)

segunda-feira, 20 de setembro de 2010

Você se foi sem nunca ter estado aqui

Minhas sinceras desculpas.

Meus mais entusiasmados parabéns.

Minhas mais inflamadas críticas.

Meu mais doce adeus.

Minhas mais deprimentes confissões de erro.

Meu mais virulento ódio.

Minha mais que complacente culpa.

Meu mais que suspeito arrependimento.

Minha mais dolorosa febre.

Meu mais crítico desespero.

Minha mais imperdoável ausência.

Meu mais enganoso sofrer.

Minhas mais perversas palavras.

Nada mais veio ou permaneceu desde que

Dúvidas colorida com as cores da paixão transformaram-se

Em chagas de certeza pura.

sexta-feira, 18 de junho de 2010

A Lilith, Lua Negra

O Mito ou a Renúncia

O modelo feminino permitido ao ser humano pelo padrão ético judaico-cristão baseia-se no de um fragmento do ‘primeiro ego’, que seria Adão. Vários textos históricos, no entanto, citam uma variante, a criação de Lilith, a primeira mulher, feita em igualdade de condições com o primeiro homem, e expulsa do Paraíso por tentar fazer valer essa igualdade.

Não se sabe com certeza de que forma a lenda de Lilith, esta primeira companheira de Adão, foi banida da versão Bíblica da Igreja. Mas indo às Escrituras hebraicas poderemos encontrá-la como uma mulher feita de pó negro e excrementos, portanto, condenada a ser inferior ao homem.

No fundo, Lilith já fora criada como um demônio, tendo gerado, juntamente com Adão, outros seres iguais a ela, que se vingam contra a humanidade. Essa natureza satânica é, por assim dizer, uma advertência do que a cultura rabínica e patriarcal nos faz com relação àquela que perturbou a noite toda o sono de Adão:

Lilith, feita de sangue (menstruação) e saliva (desejo), é expressão de fatalidade. Neste ponto, Lilith é mais fiel ao protótipo da mulher do que a submissa Eva, embora ambas tenham sido veículo do pecado. Só que a recusa ao desejo, ao sonho erótico que subtraiu a porção divina de Adão chega, com Lilith, a extremos surpreendentes após a separação deste casal.

O alfabeto Bem Sirá (século VI ou VII) conta que Lilith, inconformada com a situação de desigualdade vivida com Adão, questiona: “Por que devo deitar-me embaixo de ti? Por que ser dominada por você? Contudo, eu também fui feita de pó e por isso sou tua igual.” E Adão, ciente da supremacia do homem, nega-se a mudar a ordem.

Lilith revolta-se, pronuncia o nome mágico de Deus, acusa Adão e vai embora. Voa para as margens do Mar Vermelho, onde passa a viver em promiscuidade com os diabos, gerando cem demônios por dia, os chamados Lillim. E lá ela se transforma e assume seu tenebroso destino, seduzindo homens em seu sonho, espalhando a morte,
e declarando guerra ao Pai.

Escrito por Josylene Sousa

domingo, 25 de abril de 2010

Terra Sonâmbula

"Naquele lugar, a guerra tinha morto a estrada. Pelos caminhos, só as hienas se arrastavam, focinhando entre cinzas e poeiras, A paisagem se mestiçara de tristezas nunca vistas, em cores que se pegavam à boca. Eram cores sujas, tão sujas que tinham perdido toda a leveza, esquecidas da ousadia de levantar asas pelo azul. Aqui, o céu se tornara impossível. E os viventes se acostumaram ao chão, em resignada aprendizagem da morte."

Pelo que lembro, a ultima vez que senti tal nó nagarganta com o primeiro parágrafo de um livro foi com "'Agua-viva", da Clarice. Vai ser uma grande jornada esse "Terra Sonâmbula", do Mia  Couto.

domingo, 18 de abril de 2010

Dize-me quem escalas e te direi quem és

Achei esse texto no Blog do Torero, que considero um excelente escritor (apesar de só ter lido os textos de seu blog, rs), gostei tanto que quero compartilhar aqui, apesar de na maioria ninguem gostar de textos grandes. O Torero é considerado um cronista esportivo, mas na verdade, vai além disso. A analogia da seleção brasileira d efutebol com uma seleção literária é genial. Vale resaltar que o autor mesmo explicou que, no texto original, Clarice estava no lugar do Pa. Antônio Vieira, e considero a substituição imperdoável.

A seleção de cada torcedor funciona como uma espécie de espelho. Assim, se ele escolhe um meio-campo formado por Dunga, Galeano, Mauro Silva e César Sampaio, fica evidente que se trata de um precavido, talvez até de um covarde. Por outro lado, se propõe um ataque com Rivaldo, Ronaldinho e Romário, estamos na frente de um ousado, de um destemido. Se a linha é Dorval, Mengálvio, Coutinho, Pelé e Pepe, falamos com um saudosista, e se a defesa conta com Carlos Alberto, Figueroa, Domingos da Guia e Nílton Santos, estamos ao lado de um amante dos clássicos.

Convencido de que escalar uma seleção seria a forma ideal de me apresentar ao leitor, pus o cérebro para trabalhar e escolhi meus onze jogadores preferidos:

Goleiro: Drummond. Um grande time começa por um grande goleiro. Drummond nasceu em Itabira, mas atuou longo tempo no Rio de Janeiro. Ele traz segurança e tranqüilidade para o resto da equipe. É elástico e seguro, dono de um estilo que marcou época e fez seguidores.

Lateral direito: Bandeira. O pernambucano merece a posição apesar dos problemas respiratórios. Lateral direito de inegável leveza, caracteriza-se por criar jogadas aparentemente simples, mas que só parecem tão simples porque ele faz um complexo trabalho para descomplicá-las.

Zagueiro central: Érico. Central tem que ser gaúcho. Érico, além de ter nascido em Cruz Alta, é um beque polivalente: joga com qualquer tempo e vento. Pode atuar com aspereza e rudeza, ou sair jogando com maleabilidade e graça. Assim como outro central, Domingos da Guia, também possui um filho de inegável talento.

Quarto zagueiro: Nelson Rodrigues. Essa é uma posição onde é proibido ter falsos pudores; tem que se chutar a bola para a arquibancada e, se preciso for, deixar o inimigo estatelado no chão com fratura exposta. É o caso de Rodrigues, um jogador de moral polêmica. Alguns críticos mais ácidos dizem que ele cai muito pela direita, mas trata-se de um defeito menor que suas qualidades.

Lateral-esquerdo: Vieira. Começou a carreira timidamente, mas um dia teve um estalo e passou a jogar como que inspirado pela luz divina. Seu estilo é lógico, mas também grandiloqüente. Às vezes traça caminhos tortuosos, mas sempre chega ao seu objetivo. De todos os convocados é o único Atleta de Cristo.

Médio volante: Gregório. Um bom cabeça-de-área tem que saber xingar a mãe do adversário de doze formas diferentes. Gregório conhece 118. Não é à toa que o apelidaram de Boca do Inferno. Perguntado sobre as violentas faltas que comete, diz que são para a glória de Deus, pois, “quanto maior o meu pecar, maior a graça d’Ele em perdoar”. Não raro, elabora firulas e gongorismos que surpreendem a torcida.

Meia-direita: Mário. Um ponta-de-lança tem que ser ao mesmo tempo clássico e inovador. Mário consegue as duas coisas: sabe estudar o jogo e inventar lances com a mesma competência. Pode-se dizer que é um clássico de vanguarda.

Meia-esquerda: Machado. A nobre camisa dez não poderia ser vestida por outro. Excelente nos lançamentos em profundidade, é um especialista nos dribles sutis e no toque refinado. Estranhamente, está sempre com um riso nos lábios. Não se sabe, contudo, se ri dos inimigos, de si mesmo ou do público.

Ponta-direita: Guimarães. É um inventor. Guimarães cria dribles e ziguezagueia pelos campos gerais como ninguém. Seus lances são inesperados, como se ele sempre tivesse que criar um caminho pró¬prio. Aprendeu tudo que sabe na várzea, mas seu jogo é universal.

Centroavante: Amado. O jogador baiano é adorado pela torcida, mas um tanto desprezado pela crítica esportiva. Porém, é inegável que sabe prender como poucos a atenção dos zagueiros e do público. O excesso de acarajé compromete um pouco a sua forma. Começou a jogar na praia, onde ficou conhecido como o capitão da areia.

Ponta-esquerda: Graciliano. Vindo de Quebrângulo, Alagoas, este extrema-esquerda é dono de um estilo duro, sisudo e seco. O torcedor sempre pode esperar dele um jogo consistente e seguro. Odeia concentrações e pretende escrever um livro de memórias condenando essa prática.

Obs.: Obviamente esta seleção de imortais conta apenas com jogadores defuntos, o que deixou de fora vá¬rios nomes. Em meu banco de reservas estão Verissimo, Ubaldo, Millôr e Fonseca. São grandes atletas, mas desconfio que não têm muita pressa em entrar nesse time.

quarta-feira, 14 de abril de 2010

Tempo Ruim

Ergam seus copos por quem vai partir
Longo será o caminho a seguir
Nada será como costuma ser
Nada vai ser fácil pra você

Não faça o mesmo que fez o seu pai
Não leve armas lá onde vai
Tantos eu já vi pagando pra ver
Não dá tempo de se arrepender
Nada que já não deva saber
Não há nada que não possa ter

Quero que a estrada venha sempre até você
E que o vento esteja sempre a seu favor
Quero que haja sempre uma cerveja em sua mão
E que esteja ao seu lado, seu grande amor

Eu me despeço de todos vocês
Muitos aqui não verei outra vez
Fora o inverno e o tempo ruim
Eu não sei o que espera por mim
Mas pouco importa o que venha a ser
Se eu tiver um dia a quem dizer

Quero que a estrada venha sempre até você
E que o vento esteja sempre a seu favor
Quero que haja sempre uma cerveja em sua mão
E que esteja ao seu lado, seu grande amor.

(acreditem, é do Matanza!)

segunda-feira, 5 de abril de 2010

Pobre Meu Pai

Quanto punhos espalhados no ar
Oito olhos vigiando o quintal
E o meu coração de vidro
Se quebrou

Doido meu pai
Sete bocas mastigando o jantar
Sete loucos entre o bem e o mal
E o meu coração de vidro
Não parou de andar

Pobre meu pai
A marca no meu rosto
É do seu beijo fatal
O que eu levo no bolso
Você não sabe mais
E eu posso dormir tranquilo

Amanhã, quem sabe?

Hoje, meu pai
Não é uma questão de ordem ou de moral
Eu sei que posso até brincar
O meu carnaval
Mas meu coração é outro

Simples, meu pai
Faça um samba em quanto o bicho não vem
Saia um pouco, ligue o radio, meu bem

Não ligue, que a morte é certa
Não chore, que a morte é certa
Não brigue, que a morte é certa

domingo, 7 de março de 2010

Hai Kai

Hai Kai da conversa entre Natali e Camila pouco depois de efetuar a inscrição para a prova do mestrado

Não sei se dou para a ciência
Ou se dou para a arte
Ah! Fode com tudo.

ps: o título relmente é maior que o poema.

sexta-feira, 15 de janeiro de 2010

Conclusão

Depois de muito ler
E reler
O post anterior, sentencio:
Isso não é coisa do J.L.Borges, definitivamente.
Pior pra ele.

terça-feira, 12 de janeiro de 2010

O Anticristo

Eu sou Mephistópheles. Mephistópheles, é o diabo. E todos vocês são Faustos. Faustos, os que vendem a alma ao diabo.

Tudo é vaidade neste mundo vão, tudo é tristeza, é pop, é nada. Quem acredita em sonhos é porque já tem a alma morta. O mal da vida cabe entre nossos braços e abraços.

Mas eu não sou o que vocês pensam. Eu não sou exatamente o que as Igrejas pensam. As Igrejas abominam-me. Deus me criou para que eu o imitasse de noite. Ele é o Sol, eu sou a Lua.

A minha luz paira sobre tudo que é fútil: margens de rios, pântanos, sombras.

Quantas vezes vocês viram passar uma figura velada, rápida, figura que lhe darei toda felicidade. Figura que te beijaria indefinidamente. Era eu. Sou eu.

Eu sou aquele que sempre procuraste e nunca poderá achar. Os problemas que atormentam os Deuses. Quantas vezes Deus me disse citando João Cabral de Melo Neto: Ai de mim, ai de mim. Quem sou eu?

Quantas vezes Deus me disse: Meu irmão, eu não sei quem eu sou.

Senhores, venham até mim, venham até mim, venham. Eu os deixarei em rodopios fascinantes, vivos nos castelos e nas trevas, e nas trevas vocês verão todo o esplendor.

De que adianta vocês viverem em casa como vocês vivem? De que adianta pagar as contas no fim do mês religiosamente, as contas de luz, gás, telefone, condomínio?

Todos vocês são Faustos. Venham, eu os arrastarei por uma vida bem selvagem através de uma rasa e vã mediocridade, que é o que vocês merecem.

As suas bem humanas insaciabilidade, terão lábios, manjares, bebidas.


É difícil encontrar quem não queira vender sua alma ao diabo.

As últimas palavras de Goethe ao morrer foram: Luz, luz, mais luz!!



Jorge Luís Borges (O título fui eu quem dei).

quarta-feira, 23 de dezembro de 2009

BONS AMIGOS

Abençoados os que possuem amigos, os que os têm sem pedir.
Porque amigo não se pede, não se compra, nem se vende.
Amigo a gente sente!

Benditos os que sofrem por amigos, os que falam com o olhar.
Porque amigo não se cala, não questiona, nem se rende.
Amigo a gente entende!

Benditos os que guardam amigos, os que entregam o ombro pra chorar.
Porque amigo sofre e chora.
Amigo não tem hora pra consolar!

Benditos sejam os amigos que acreditam na tua verdade ou te apontam a realidade.
Porque amigo é a direção.
Amigo é a base quando falta o chão!

Benditos sejam todos os amigos de raízes, verdadeiros.
Porque amigos são herdeiros da real sagacidade.
Ter amigos é a melhor cumplicidade!

Há pessoas que choram por saber que as rosas têm espinho,
Há outras que sorriem por saber que os espinhos têm rosas!

Machado de Assis

quinta-feira, 10 de dezembro de 2009

Talvez soe apenas como mais um raquítico lamento pela triste situação nessa cidade, e talvez seja realmente apenas isso, mas é impossivel viver aqui sem passar um dia que seja sem pensar nesse horror urbano. Uma cidade simplesmente não pode planejar toda sua infra-estrutura pensando em receber turistas (o que ainda faz muito mal, a não ser que você possa pagar muito) e reservar à maior parte da sua população a crueza da lei. E uma lei historicamente imposta via crueldade, autoritarismo e indiferença. Avanços foram feitos, soluções têm sido tentadas, mas a lógica tacanha de que "problema social é caso de policia" ainda é válida em grande parte do Rio de Janeiro. A violência policial e a impunidade dos oficiais que deveriam ser responsabilizados pela negligência diante da mesma continua; O secretário de segurança ainda acha o Rio de Janeiro uma cidade maravilhosa e pacífica, porque os indíces de criminalidade nas zonas nobres são comparáveis às de países nórdicos e as favelas (onde se concentra a população pobre do Rio) seriam "bolsões de violência" que não deveriam entrar nos registros. A mesma lógica de Billy The Kid, que, quando perguntado sobre quantos assassinatos cometeu, contabilizava vinte e uma mortes, "sem contar mexicanos". Esses não contam. Favelados não contam. Vagabundos não contam. recentemente, o prefeito Eduardo Paes (que parte da esquerda preferia ao Gabeira) anunciou que estuda um jeito de acabar com o salvador "sopão" servido à população indigente. Por que? Motivos de ordem. Porque um morador da zona sul deve ter reclamado que a fila do sopão ficava no caminho de seu Honda Civic. Nada disso faz sentido. Jogos Olímpicos aqui nao fazem sentido. A Rua da Glória não faz sentido. Beltrame não faz sentido.
O que temos no Rio não é uma guerra. É uma miopia coletiva.

domingo, 29 de novembro de 2009

One More Cup of Coffee (Bob Dylan)

Sua respiração é doce
seus olhos são como duas jóias no céu
sua postura é ereta, seu cabelo é macio
no travesseiro onde você repousa,
mas eu não sinto afeição
nem gratidão ou amor.
Sua lealdade não é para mim,
mas para as estrelas do céu


Seu pai é um foragido
e um traficante
Ele te ensinou como selecionar e escolher
E utilizar uma faca
Ele supervisiona seu reino
E assim nenhum estranho se intromete
Sua voz treme enquanto ele chama
Por mais um prato de comida

Mais um copo de café para a estrada
Mais um copo de café para eu ir
Descendo o vale...

Sua irmã vê o futuro
Assim como você e sua mãe
Você nunca aprendeu a ler ou escrever
Não há livros na sua estante
E seu prazer não conhece limites
E sua voz soa como a de uma cotovia
Mas seu coração é como um oceano
Misterioso e escuro

Mais um copo de café para a estrada
Mais um copo de café para eu ir
Descendo o vale...














































































quarta-feira, 25 de novembro de 2009

“A política está tão repulsiva que vou falar de sexo”

Por Arnaldo Jabor (que não considero um bom crítico , mas que dessa vez ....leiam)



Outro dia, a Adriane Galisteu deu uma entrevista dizendo que os homens não querem namorar as mulheres que são símbolos sexuais. É isto mesmo. Quem ousa namorar a Feiticeira ou a Tiazinha. As mulheres não são mais para amar; nem para casar. São apenas para “ver”.


Que nos prometem elas, com suas formas perfeitas por anabolizantes e silicones? Prometem-nos um prazer impossível, um orgasmo metafísico, para o qual os homens não estão preparados. As mulheres dançam frenéticas na
TV, com bundas cada vez mais malhadas, com seios imensos, girando em cima de garrafas, enquanto os pênis-espectadores se sentem apavorados e murchos diante de tanta gostosura. Os machos estão com medo das “mulheres-liquidificador”.

O modelo da mulher de hoje, que nossas filhas ou irmãs almejam ser (meu Deus!) é a prostituta transcendental, a mulher-robô, a “Valentina”, a “Barbarela”, a máquina-de-prazer sem alma, turbinas de amor com um hiperatômico tesão.

Que parceiros estão sendo criados para estas pós-mulheres? Não os há. Os “malhados”,os “turbinados” geralmente são bofes-gay, filhos do mesmo narcisismo de mercado que as criou. Ou, então, reprodutores como o Zafir para o Robô-Xuxa.

A atual “revolução da vulgaridade” regada a pagode, parece “libertar” as mulheres. Ilusão à toa. A “libertação da mulher” numa sociedade escravista como a nossa deu nisso: super-objetos. Se achando livres, mas aprisionadas numa exterioridade corporal que apenas esconde pobres meninas famintas de amor, carinho e dinheiro. São escravas aparentemente alforriadas numa grande senzala sem grades. Mas, diante delas, o homem normal tem medo. Elas são “areia demais para qualquer caminhãozinho”.

Por outro lado, o sistema que as criou enfraquece os homens. Eles vivem nervosos e fragilizados com seus pintinhos trêmulos, decadentes, a meia-bomba, ejaculando precocemente, puxando sacos, lambendo botas, engolindo sapos, sem o antigo charme “jamesbondiano” dos anos 60. Não há mais o grande “conquistador”. Temos apenas os “fazendeiros de bundas” como o Huck, enquanto a maioria virou uma multidão de voyeur, babando por deusas impossíveis.

Ah, que saudades dos tempos das “bundinhas e peitinhos” “normais” e “disponíveis”... Pois bem, com certeza a televisão tem criado “sonhos de consumo” descritos tão bem pela língua ferrenha do Jabor (eu). Mas ainda existem mulheres de verdade.
Mulheres que sabem se valorizar e valorizar o que tem “dentro de casa”, o seu trabalho. E, acima de tudo, mulheres com quem se possa discutir um gosto pela música, pela cultura, pela família, sem medo de parecer um “chato” ou um “cara metido.

Penso que hoje, num encontro de um “turbinado” com uma “saradona” o papo deve ser do tipo: - “Meu”...”o professor falou que eu posso disputar o Iron Man que eu vou ganhar fácil.” “- Ah, meu...o meu personal trainner disse que estou com os glúteos bem em forma e que nunca vou precisar de plástica.” E a música??? Só se for o último sucesso(???) dos Travessos ou Chama-chuva...e o “vai Serginho”???

Mulheres do meu Brasil Varonil!!! Não deixem que criem estereótipos!
Não comprem o cinto de modelar da Feiticeira. A mulher brasileira é linda por natureza! Curta seu corpo de acordo com sua idade, silicone é coisa de americana que não possui a felicidade de ter um corpo esculpido por Deus e bonito por natureza.
E se os seus namorados e maridos pedirem para vocês “malharem” e ficarem iguais à Feiticeira, fiquem... Igual a Feiticeira dos seriados de TV.

FAÇAM-OS SUMIREM DA SUA VIDA!!

segunda-feira, 9 de novembro de 2009

A propósito do vinho

Baudelaire foi, o quanto pôde, um entusiasta do vinho como o mais instigador dos venenos humanos. Impossível para meu ser não concordar. O sabor único da bebida, a sensação vitoriosa enquanto ele desliza pela garganta agora aquecida, a espera pelo torpor, ela mesmo inebriante... Todos esses elementos transformam o vinho em uma bebida sem par na história. Para nosso poeta, o vinho acompanhou os momentos mais sublimes que puderam ser noticiados. Os tons do vinho colorem o quer que seja tocado por ele. Acredito que o vinho possa ser tratado como uma preferência pessoal, mas o álcool em geral tem esse poder, essa virtude de desvirtuar-nos no momento e na maneira certa, entortando caminhos retos e colocando malícia onde só há convenções. De modo a justificar por exemplos sua paixão pelo vinho, nosso poeta narra um pequeno caso que lhe aconteceu. Numa exposição de arte, defrontou-se com uma pintura horrível, estéril em sua moldura, cercado de imbecis que se compraziam em exaltar a monotonia daquela criação, tão tediosa em sua virtuosidade insípida. Aproximou-se, e procurou saber um pouco mais sobre “o caráter moral do homem que produzira tão criminosa extravagância” (excelente descrição, não acham?). Baudelaire já imaginou que a pessoa seguramente deveria ser “fundamentalmente mau”. Acertou. Dentre os hábitos do infame pintor, ele descobriu que “o monstro se levantava regularmente antes do nascer do dia, que arruinara a sua governanta, e que só bebia leite!”.

Sobriedade faz mal à vida, e a tudo que a faz valer a pena.

(Baudelaire. "Os Paraísos Artificiais".)