Precisei tomar muitas doses de coragem para vir escrever isto. Ainda assim acredito que não tenha sido suficiente, então respirei fundo e escrevo isto de um fôlego só. Há um segredo meu que preciso compartilhar, e irei dizer agora. Contar um segredo não é algo tão simples, então corro o risco de parecer banal ou óbvio. Mas quem conseguir ver, e não apenas olhar, irá compreender. Porque tomei esta decisão? Ainda não sei ao certo. Pulsações traiçoeiras me trouxeram até aqui. Mas o que é este segredo então? Antes, devo dizer o que entendo como segredo: Algo que, mais do que não dito aos outros, dificilmente é reconhecido por si próprio. Não deve ser algo pernicioso ou cruel, aquilo que se teme contar pelas possíveis represálias, um fato que você esconde impelido pelo morcego da consciência; isto seria um pecado e não um segredo. Um segredo, para que seja um mistério, é algo que você não consegue exprimir e só agora entendi isto. É algo tão profundo e tão disforme que não existe senão na parte mais tenra do coração, e que quando você tenta dizer, ou pintar ou escrever, a boca seca, os pincéis falham e a mão paralisa; só sendo inexprimível isto pode ser um segredo, que também é mistério. Dele você não tem vergonha, ou medo, a não ser que seja a vergonha ou medo do desconhecido. Então, vou contar meu segredo, e que a chuva me proteja depois disso, e que vocês me perdoem por tê-lo guardado, e me entendam pois só por isso ele era um segredo. Foi agora que conheci alguém que me contou esse segredo sobre mim, é que existem no mundo feiticeiros que entram em nossos corações e daí nada permanece sem forma por muito tempo. Uma dessas mulheres me contou meu segredo, e agora conto a vocês, pois, agora que ela deu uma forma a isto, posso exprimi-lo, e assim não é mais segredo, mas continua mistério. E por não ser mais segredo, nem para mim, quero dividi-lo, e é assim: “Agora sei: Sou só. Eu e minha liberdade que não sei usar. Grande responsabilidade da solidão. Quem não é perdido não conhece a liberdade e não a ama. Quanto a mim, assumo minha solidão. Que às vezes se extasia como diante de fogos de artifício. Sou só e tenho que viver uma certa glória íntima que na solidão pode se tornar dor. E a dor, silêncio. Guardo o seu nome em segredo. Preciso de segredos para viver”.
sexta-feira, 13 de junho de 2008
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